Chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai acompanhar as eleições no Brasil, Laura Chinchilla afirmou nesta quinta-feira (25) que a divulgação de notícias falsas no país via WhatsApp pode ser um “fenômeno sem precedentes”.
Segundo a ex-presidente da Costa Rica, o uso de um aplicativo privado para a disseminação de fake news surpreendeu autoridades porque demandou “instrumental técnico e jurídico” diferente daquele utilizado nos Estados Unidos, por exemplo, em que as redes mais usadas na divulgação das notícias falsas eram o Twitter e o Facebook.
“O fenômeno que temos visto no Brasil talvez não tenha precedentes fundamentalmente por uma razão. No caso do Brasil estão usando redes privadas, que é o WhatsApp. É uma rede que apresenta muitas complexidades para que as autoridades possam acessar e realizar investigações”, disse Chinchilla após participar de um encontro com o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad.
“É a primeira vez que, em uma democracia estamos observando o uso do WhatsApp para poder difundir massivamente notícias falsas, como é o caso no Brasil”, completou. Na semana passada, a Folha revelou que empresas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa, via WhatsApp, contra Haddad.
A prática é considerada ilegal. A campanha do PT iniciou uma ofensiva jurídica contra seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), e pediu, nas ações protocoladas, que ele seja declarado inelegível caso seja comprovado crime eleitoral. A PGR (Procuradoria-Geral da República) também pediu investigação do caso, comandado pela Polícia Federal.
A chefe da missão da OEA já esteve com o presidente Michel Temer, em Brasília, e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e disse que pediu um encontro com a campanha de Bolsonaro, mas não obteve resposta. Ainda de acordo com ela, a OEA está participando de todos os testes públicos de urna eletrônica e não encontrou nenhum sinal de que o sistema seja vulnerável. (Folha PE)