O Brasil começa a medir nesta quinta-feira (5) o impacto da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que abriu o caminho para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que as pesquisas apontam como favorito para as eleições de outubro. Após mais de dez horas de deliberações, o habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula foi negado por 6-5 no STF.
O líder do Partido dos Trabalhadores (PT), 72 anos, que segundo juristas poderia ser detido na próxima semana, depois que sua defesa esgotar os últimos recursos, não reagiu oficialmente à decisão.
O ex-presidente (2003-2010) foi condenado em janeiro em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de Porto Alegre, a 12 anos e um mês de prisão pela acusação de ter recebido um apartamento tríplex no Guarujá,litoral de São Paulo, da empreiteira OAS, envolvida no esquema de propinas montado na Petrobras.
O presidente Michel Temer e muitos de seus aliados precisam avaliar se a decisão afasta um rival político das eleições ou se os deixará mais expostos aos procuradores e juízes da Operação Lava Jato. A investigação revela há quatro anos uma rede de corrupção que afetou praticamente todos os partidos políticos e vários empresários importantes.
O ex-presidente pretendia conservar a liberdade até esgotar as quatro instâncias de apelação. Mas os juízes do STF rejeitaram ohabeas corpus. Lula acompanhou o debate do STF no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (São Paulo). Depois retornou para seu apartamento na cidade. O PT prometeu defender nas ruas e em todas as instâncias, “até as últimas consequências”, a candidatura de Lula.
Mesmo que Lula evite a prisão, sua participação nas eleições é incerta, porque a Justiça eleitoral impede a candidatura de condenados em segunda instância, com base na Lei da Ficha Limpa. (AFP).