A saída de quatro ministros do governo do presidente Michel Temer (PMDB) sinaliza que a pressão eleitoral já começa a fazer efeito nos partidos que têm projeto para outubro. Todavia, os ministros de Pernambuco – Mendonça Filho (DEM -Educação), Raul Jungmann (PPS – Defesa), e Fernando Filho (sem partido – Minas e Energia) – devem permanecer até abril, prazo determinado pela legislação para desincompatibilização.
Além da questão eleitoral, também incide nessa articulação a preocupação com a reforma da Previdência, onde o presidente não quer que haja interferência, caso aconteça uma debandada de ministros na época da votação.
O ministro Mendonça, cujo partido, o DEM, deve lançar candidato à Presidência, assegurou à Folha de Pernambuco que não planeja antecipar sua saída da pasta. Ele confirmou que o nome do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), tem se fortalecido dentro da legenda para encabeçar a candidatura própria. “Uma coisa é eleição presidencial, outra coisa é a minha atuação no ministério. Hoje estou ministro, ocupo um cargo de confiança, e permaneço aqui enquanto for conveniente pra mim e pra o presidente”, disse.
Nas últimas duas semanas, Ronaldo Nogueira (PTB- ex ministro do Trabalho) e Marcos Pereira (PRB- ex da Indústria e Comércio), resolveram antecipar o desembarque do governo. Segundo informações de bastidores, o ex-ministro do Trabalho abandonou o cargo por questões pessoais. Por outro lado, Marcos Pereira teria saído atendendo ao partido, para trabalhar a sigla para 2018 e, inclusive, realizar articulações sem estar na condição de auxiliar de Temer.
Antes disso, o pernambucano Bruno Araújo (PSDB), que estava na pasta das Cidades, e Antônio Imbassahy (PSDB), na Secretaria de Governo, foram alvo da pressão interna para abandonar Temer e dos partidos do Centrão, que almejavam ocupar esses espaços.
No geral, há uma expectativa de que mais 13 ministros deixem a equipe de Temer. Nos bastidores, fala-se que todos estão querendo ter menos obrigações em Brasília, para começar a trabalhar nas bases. Jungmann e Fernando Filho estão estáveis no cargo. Por um lado, o PPS não exerce pressão para saída do governo. Por outro, Fernando está sem partido, logo por conta própria, respondendo apenas aos interesses do próprio grupo político, cujo pai, Fernando Bezerra Coelho (PMDB), exerce a vice-liderança do governo no Senado e goza de boa relação com a cúpula do partido.
Mendonça seria o único ponto de fragilidade, apesar do partido permanecer na base governista. Ele enfrentará o dilema das candidaturas presidenciais, já que foi cotado para disputar a vice-presidência na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). Há que se decidir, também, entre Rodrigo Maia no próprio DEM e, ainda, a provável candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), que é favorito de Temer e do mercado financeiro. Meirelles iria para a eleição como a cara do governo Temer e seus aliados de agora tendem a apoiá-lo, na falta de opções mais competitivas. (Blog da Folha).