A expulsão da senadora Kátia Abreu (TO) do PMDB provocou uma reação contrária de lideranças que fazem o enfrentamento ao Governo Michel Temer. Nesta quarta-feira (22), o Conselho de Ética do PMDB decidiu retirar a parlamentar dos seus quadros por conta dos ataques feitos por ela à sigla e ao Planalto. O movimento acabou gerando preocupação de que novas retaliações sejam feitas contra os demais dissidentes da cartilha governista e do presidente nacional da agremiação, Romero Jucá.
Em Pernambuco, a ala dissidente ao Governo Temer é encabeçada pelo deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), que votou duas vezes a favor da abertura de inquérito contra o chefe do Executivo. Atualmente, o grupo de Vasconcelos disputa o comando do diretório pernambucano com o senador Fernando Bezerra (PMDB), aliado de Temer. O ataque ao PMDB estadual teria como um dos mentores o próprio Jucá, que está por trás da expulsão de Abreu.
Neste ano, Jarbas Vasconcelos chegou a ser punido uma vez com uma suspensão das atividades partidárias por 60 dias, que já expirou. Ao tomar conhecimento da expulsão de Kátia Abreu, o peemedebista criticou a decisão. “Estranho esse tipo de postura do PMDB porque vai de encontro com a história e a origem do próprio partido. Um partido de cultura democrática que cresceu e ganhou a dimensão que tem respeitando as divergências e as opiniões de seus membros. Para mim, essa atitude tomada contra a senadora Kátia Abreu não faz sentido e é uma extravagância que a direção do partido comete”, disse.
A mesma posição foi seguida pelo presidente estadual do PMDB e vice-governador, Raul Henry. O dirigente defendeu a suspensão da medida. “Vejo com surpresa a decisão do diretório nacional do PMDB de cancelar a filiação da senadora Katia Abreu. Uma iniciativa que não condiz com a história e a tradição da legenda. O PMDB sempre foi um partido plural, que alcançou a dimensão que tem hoje justamente por respeitar as posições de seus filiados e as particularidades de cada estado. Espero que a direção nacional possa rever essa decisão e que o PMDB continue a ser uma sigla que preza pelo diálogo”, bateu.
Apesar das críticas, a avaliação interna no grupo ligado a Vasconcelos e Henry é que a decisão sobre Abreu não deverá repercutir em Pernambuco. Outro dissidente que chegou a ser ameaçado de retaliação, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) enviou uma nota à imprensa e considerou a expulsão “um ato extremo” que “contraria a história da sigla”. (Folha PE)