Foi com imenso pesar e indignação que a União Brasileira de Mulheres recebeu a notícia do falecimento de uma grande brasileira: Dona Marisa Letícia Lula da Silva.
O pesar nos toma quando lembramos a mulher de fibra, a trabalhadora e militante incansável que o Brasil perde, quando pensamos em seus quatro filhos, netos e o marido, que estarão privados de sua presença forte e amorosa. A indignação advém do fato de que, certamente, a campanha midiática difamatória e as perseguições judiciais — sem uma única prova sequer — a que vêm sendo submetidos seu marido, filhos e ela própria, foram decisivos para a deterioração de sua saúde, conduzindo-a ao falecimento com apenas 66 anos de idade. Por trás do AVC hemorrágico que a vitimou, estão as pressões da injustiça brutal e as arbitrariedades a que vinha sendo submetida, ela e sua família, o desgosto de ver seus filhos e marido indiciados criminalmente sem direito a defesa, o horror do fascismo despudorado.
Marisa Letícia pagou o preço mais alto pela onda fascista odiosa que se alastra pelo país: perdeu a vida, deixando filhos, netos e seu grande amor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Foram companheiros de toda vida, dos difíceis anos 1970 até o Palácio da Alvorada, o maior presidente da história do Brasil sempre encontrou uma fortaleza com quem dividiu angústias e alegrias. Dona Marisa Letícia sempre foi mais que a esposa de Lula. Encarnava a fibra e a disposição de luta da mulher brasileira. Começou a trabalhar ainda criança, foi babá, operária, ficou viúva do primeiro marido, reconstruiu sua vida, casou-se de novo, criou quatro filhos.
Aguentou com a força de poucos a prisão arbitrária de Lula, liderou a passeata das mulheres nas greves do ABC no final dos anos 1970. Foi ela quem estampou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, ao qual também era filiada. Apoiava de todas as formas o marido, que, de líder sindical chegou a primeiro presidente da República de origem operária — e o que mais fez pelos direitos do povo e das mulheres. Sem dúvidas, sem a presença de Marisa Letícia, tal trajetória não seria possível. Durante 43 anos, ela foi o esteio do presidente Lula. Dos cuidados mais prosaicos como a limpeza da casa, das roupas e o cozinhar — tarefas tão importantes quanto invisíveis — às observações que dirigia ao marido, Dona Marisa era uma mulher discreta e reservada, mas de opinião forte e crítica, além de notável senso prático. Foi ela quem estampou mais de 20 mil camisetas da campanha de Lula para deputado federal em 1986.
Dona Marisa Letícia foi uma mulher como muitas, mas também foi uma mulher como poucas. Trabalhadora e determinada, altiva e discreta, era um exemplo de garra e perseverança diante das dificuldades. Infelizmente, os vilipêndios diários de si, seu marido e filhos foram demais para sua saúde. Neste momento de dolorosa despedida, a UBM se solidariza com o presidente Lula e toda a família. Despedimo-nos desta grande brasileira enviando nossos mais solidários pensamentos e nossa firme disposição para lutar contra a perseguição fascista ignominiosa ao grande companheiro e presidente Lula e sua família. Contem com a força da UBM.
União Brasileira de Mulheres