Artigo do leitor: Verdes e brancos

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chapecoense

Dois estádios cheios e nenhum jogador em campo. Chora o futebol e quem enxuga as lágrimas nesta noite de 30 de novembro de 2016? Quem haverá de vibrar com as jogadas espetaculares, dribles e entortadas e ainda receber no peito a bola que nem saiu do pontapé inicial? O drible, a finta e o chute de efeito. A Chaleira, o Caneco, a Bicicleta, o Chapéu e a Trivela. Cadê o Gol de Letra e os craques que levam o time às alturas como se fossem Folhas Secas no ar? Agora, lá do alto ouvimos apenas a pane seca e um rastro tremendo de dor a devorar com fúria a surpresa da última temporada do futebol latino-americano.

Perdemos numa única partida, jogadores, membros da delegação, jornalistas e tripulação.  Um jogo cruel onde a bola inglesa deu lugar a caixas pretas, velas, cruzes e lágrimas. Nossa porção mais risonha e límpida agora beira a incredulidade face ao imponderável. Da Arena Condá ao Estádio Atanásio Giradot “Somos todos chape”, Chapecoenses, verdes e brancos como o Atlético Nacional, a esperança e a paz. E embora tocando a pelota de lado na política ou mesmo pisando literalmente na bola nas pelejas do Congresso Nacional, seguimos nessa paixão excepcional e obsessiva. O coro das arquibancadas e a velha história da caixinha de surpresas dão o tom transitório deste mundo contraditório caminho até Deus. Bola com Cleber Santana que passou para Josimar, que passou pra Gil, que rolou para Sérgio Manoel que rolou para Ananias, que cruzou para Kempes e é goooooool.

“Estamos sonhando, torcida brasileira!”.

Pelo jornalista Carlos Laerte.