Serra Talhada-PE: Ambientalista e engenheiro alertam que chuvas podem invadir cidade e até derrubar ponte

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Foto: Alejandro García

A forte estiagem que castiga Serra Talhada e região há cerca de seis anos vem provocando efeitos devastadores não apenas no campo, mas também na cidade. Segundo o site Farol, o alerta é do ambientalista Bonzinho Magalhães que visitou a barragem do Jazigo, às margens da BR 232 e encontrou sinais de degradação no local. Inaugurada em 1983 e com capacidade de acumular cerca de 15 milhões de metros cúbicos, a barragem encontra-se totalmente vazia e com o solo esturricado. Na opinião do ambientalista, como a previsão é de chuvas para o início de 2017, há uma grande probabilidade da água invadir o centro de Serra Talhada por deficiência da barragem.

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Foto: Alejandro García

“Temos preocupação com o impacto ambiental futuro. Antes existia um rio fino, limpo com vegetação que protegia as nascentes e toda a população ribeirinha tinha como tirar a sua alimentação. Então, quando se construiu a barragem se montou uma represa e tudo que vem do rio acima, desde Brejinho, vai juntando dentro dessa barragem. Dentro deste contexto, quando as chuvas ficarem acentuadas, se não tem barragem ou barramento, se não tem vegetação aumenta a velocidade da água”, alertou Magalhães, lembrando enchentes passadas.

“Em 1922 a água entrou na cidade, na década de 40 também, em 1957, 58 teve grande estiagem, em 1960 o rio novamente entrou na cidade. Depois entrou em 2004. Dentro das estiagens tem alteração de relevo. A nossa preocupação hoje é que aconteça uma grande cheia depois de grande estiagem. Se acontecer, vamos ter um impacto ambiental e problemas para a nossa cidade. Hoje, o pior aconteceu e a barragem do Jazigo secou. Essa ponte corre risco de entupimento com aquela planta. Vai ter velocidade para calha do rio que está cheia. A minha preocupação hoje é com a ponte e a barragem. A Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente deveriam se preocupar com isso”, provocou Bonzinho Magalhães.

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Foto: Alejandro García

Na semana passada, o site convidou o engenheiro civil e ex-secretário de Obras de Serra Talhada, João Novaes, que visitou a Barragem do Jazigo e a Ponte da Caxixola na companhia de Bonzinho Magalhães. O engenheiro não só corroborou com o alerta feito pelo ambientalista, como fez um relatório mostrando que há riscos da ponte desabar, caso haja uma enchente no ano que vem.

“No mesmo dia em que visitamos a Barragem do Jazigo, fizemos uma inspeção na ponte que liga o centro da cidade ao Bairro da Caxixola, essa ponte é de grande importância para a mobilidade urbana. Diferentemente do que acontece com a Barragem, o assoreamento nas  proximidades da ponte ocorre devido a presença da vegetação. Isto porque a cidade não possui Estações de Tratamento de Esgotos, então, os dejetos constituídos por sais, açúcares, óleos, produtos químicos dos materiais de limpeza, etc., tudo isso associado ao não tratamento correto dos resíduos sólidos, o que chamamos de lixo têm o seu destino final no leito do Rio”, declarou Novaes, arrematando:

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Foto: Alejandro García

“Por isso que neste trabalho defendemos a tese de que a ponte, no caso de uma grande enchente, poderá sofrer grandes danos ou mesmo o seu colapso total. Então, associando-se as duas situações, o assoreamento antes e depois da ponte irá elevar a lâmina d’água ou nível até atingir as vigas da ponte. Estes elementos estruturais não foram dimensionados para resistirem a esforços horizontais, podendo ocorrer sim, o desabamento da mesma. Tudo isso, porquê? Por que a cidade não dispõe de tratamento dos seus esgotos e não trata corretamente dos resíduos sólidos”, demonstrou João Novaes, ponderando.

“O que apresentamos aqui não é alarde, apenas, estamos antecipando-nos a um desastre maior, pois, o que está acontecendo com o Rio Pajeú já se caracteriza como um desastre em sua própria natureza”.