Produção de energia e abastecimento d’água no Nordeste é ameaçado pela seca no Lago de Sobradinho

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Sobradinho - A Usina Hidrelétrica de Sobradinho tem capacidade total de 1050 megawatts, mas com a falta de água só tem sido possível gerar cerca de 160 megawatts (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Sobradinho. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A seca está ameaçando o fornecimento de água e a produção de energia do principal reservatório do Nordeste brasileiro. O lago de Sobradinho (norte baiano) está quase irreconhecível, com 7,9% da capacidade. E esse percentual pode chegar a 3% até dezembro, segundo a Chesf, que administra as hidrelétricas do São Francisco.

São oito no total entre os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A vazão da barragem de Sobradinho pode ser reduzida ainda mais pra poupar o reservatório. Se isso acontecer, vai cair a produção de energia, mas a Chesf descarta o risco de apagão ou racionamento. “Tem a energia eólica, tem a energia térmica e também tem a possibilidade de transferir energia de outras regiões do país para o Nordeste“, explica o diretor de operações da Chesf, João Henrique Franklin.

A seca não prejudica só a geração de energia. Alguns produtores já instalaram até três quilômetros de canos para vencer a distância que separa as plantações do pouco que resta do lago. E a tubulação continua aumentando. Só este ano, esses agricultores tiveram que esticar a rede com mais 800 metros de tubos para conseguir alcançar a água. Em uma região do reservatório, a área seca já é bem maior que a alagada e a paisagem está parecida com o que era antes de ser inundada, na década de 70.

Cinco municípios baianos ficam às margens do lago de Sobradinho. Em Remanso, por exemplo, o reservatório, que chegava pertinho da cidade, já está a seis quilômetros e vários bairros sofrem com falta d’água. A seca trouxe de volta as ruínas da Velha Remanso, que foi inundada pelo lago. Caso demore a chover na cabeceira do Rio São Francisco, a expectativa é de que a situação piore nas próximas semanas, como aconteceu no ano passado, época em que o lago chegou a quase zero por cento de sua capacidade. (G1)