Hoje (12), a partir das 19h, acontece o lançamento do Diagnóstico Social, Econômico e Cultural dos Atingidos pela Barragem de Sobradinho (BA), no auditório Canto de Tudo, na UNEB em Juazeiro. A atividade é aberta a toda sociedade, e tem o objetivo de apresentar a publicamente a pesquisa na região.
O evento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) contará com a presença de entidades e representantes da sociedade civil do Vale do São Francisco. Farão a composição da mesa membros do Governo Federal, pelo Ministério da Integração, e do Governo da Bahia. Estarão também no evento famílias atingidas pela Barragem de Sobradinho dos sete municípios do entorno do lago.
O Diagnóstico
A pesquisa possui extrema relevância social para o país e o mundo, elaborado e aplicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), e conta o apoio do Ministério da Integração. Uma reivindicação histórica do movimento, a pesquisa servirá para quantificar e qualificar a dívida social do Estado com as populações atingidas ao longo da história de construção das barragens no Brasil.
Após reunião realizada em 15 de março de 2012, entre o Movimento dos Atingidos por Barragens e a Secretaria Geral da Presidência da República, o governo reconheceu a existência de uma dívida social do Estado Brasileiro com a população atingida. Ao IPEA foi entregue a tarefa de fazer uma metodologia que pudesse mapear esta dívida, contabilizada por meio de políticas públicas. Essa metodologia foi publicada em 2014 e será pela primeira vez aplicada no país e no mundo.
“A realização dessa pesquisa será muito importante para comprovar o que o MAB vem denunciando ao longo de seus 24 anos, da ausência do Estado na construção de barragens, e a omissão do Estado beirando a conivência com as violações de direitos humanos no processo de construção de barragens”, aponta Marta Rodrigues, da Coordenação Regional do Movimento dos Atingidos por Barragens no Vale do São Francisco.
Serão realizadas entrevistas com famílias atingidas direta e indiretamente, personalidades das comunidades que acompanharam a construção e a pesquisa em documentos da época. Posteriormente o diagnóstico vai identificar a realidade das comunidades atingidas atualmente e as necessidades que passam as famílias, como falta de moradia adequada, dificuldades de acesso à saúde e educação, saneamento básico e outras demandas. Com o relatório final, será possível elaborar e propor uma política específica para a região.
Após o término da pesquisa e a divulgação de seu resultado, se espera que os problemas sociais dessa população ganhem visibilidade na região e em todo o país. “É um momento em que o Estado está dizendo: ‘tenho uma dívida com essas pessoas, elas perderam suas casas, tiveram suas vidas destruídas’. Tem a reparação de questões financeiras mas também de todo o patrimônio imaterial que foi perdido com a Barragem. O trabalho ganha uma perspectiva ainda maior”, aponta Ana Paula Moreira, coordenadora da pesquisa pelo IPEA.
A Barragem de Sobradinho não só provocou uma tragédia na vida das famílias atingidas, mas também ao meio ambiente. Antes da barragem nós tínhamos água cristalina, tínhamos muita mata ciliar, muita chuva na região e muitas terras boas para as famílias plantarem. Com a construção dessa “maldita Barragem” muitas famílias além de terem sido separadas “para sempre”, mutos perderam seus familiares que chegaram até a se suicidarem e outros tiveram a infelicidade de ver seus familiares muito afetados psicologicamente, como foi o caso de meu pai que “ficou doente mental” e fez tratamento psiquiátrico até o fim de sua vida, deixando a família inteira transtornada e sem saber o que fazer.
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