Secretário sabia de disputa violenta entre presos em Caruaru

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Pedro Eurico

O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, admite que o Estado sabia de “um movimento de violência” dentro da Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, antes das rebeliões ocorridas no sábado (23) e na segunda (25), que resultaram em seis mortos e mais de 20 feridos. Segundo ele, as providências estavam sendo tomadas, como o isolamento de todo o setor administrativo da unidade (que não sofreu danos) e de sete detentos.

“A gente não tem como trabalhar sob hipótese. Pode fazer o que fez. Os sete que estavam envolvidos nessa violência nós isolamos desde quarta-feira, dentro da cadeia. Só que o movimento cresceu, potencializou”, afirma, acrescentando que no final acabaram separaram 400 dos 1,9 mil presos tentando evitar o confronto. “Houve duas questões nessa rebelião, a aceleração no julgamento dos processos e a disputa de comando dentro da unidade”. As armas utilizadas foram facas e chuços.

Conforme Pedro Eurico, após o primeiro motim um grupo de presos fez exigências absurdas, inclusive a de liberação de drogas. “Eles chegaram ao ponto de apresentar uma lista de 25 presos exigindo que fossem transferidos. Como é que nós vamos negociar? E ainda me pediram a liberação de drogas no presídio. Isso não se pede!”. O secretário informa que cerca de 50 presos estão sendo transferidos para quatro unidades do Estado, a fim de evitar novos conflitos.

Ontem, a movimentação de familiares em frente à penitenciária era intensa, com muita gente reclamando da falta de informações sobre os feridos. Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), “nove reeducandos foram encaminhados ao Hospital Regional do Agreste, outros detentos com ferimentos leves estão sendo atendidos na própria unidade”. O Batalhão de Choque e o Batalhão Especializado de Policiamento do Interior foram acionados.

Pedro Eurico assegura que todos os envolvidos nos motins responderão por novos crimes. E adianta que a reforma dos pavilhões incendiados será feita com mão-de-obra carcerária. “As informações que temos é de que o fogo foi em madeiras e colchões e não comprometeu a estrutura física dos pavilhões, então temos que recuperar as partes hidráulica e elétrica”, diz. Para ele, além da superlotação (em Caruaru há excesso de 1,5 mil presos), o grande problema dos presídios são as disputas de organizações criminosas.

Um adolescente morto na Funase

Também nesta segunda, um adolescente foi morto a pedradas e dois ficaram feridos, durante um tumulto ocorrido no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Abreu e Lima, no Grande Recife. Os nomes não foram divulgados. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, tudo começou com uma briga entre grupos rivais, no pavilhão nove. Um dos feridos foi atingido por uma faca artesanal. O outro teve as pernas quebradas.

Conforme a Funase, menores atearam fogo em um colchão e destruíram parcialmente móveis. Foram acionados Corpo de bombeiros e Batalhão de Choque. O órgão informa que o Case tem capacidade para 98 jovens e que “a lotação atual vai depender de uma recontagem”. Foi aberta uma sindicância, com prazo de 20 dias para ser concluída, podendo ser prorrogada por mais 20. (JC Online)