As falhas no serviço de ambulâncias, denunciado pelo Ministério Público na Região Metropolitana do Recife, também atingem os veículos do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) no interior. Denúncias a respeito do sucateamento dos automóveis que atendem as 4ª e 5ª Regional de Saúde se intensificaram nos último meses e motivaram reunião entre representantes do MPPE, da Secretarias de Saúde de Caruaru e do Estado e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), na última semana. Um novo encontro ocorrerá até o fim deste mês.
Sessenta e nove veículos prestam o serviço para os municípios integrantes das duas regionais. Deles, cinco ficam em Caruaru e o restante é distribuído entre as outras cidades. Segundo as reclamações, os veículos têm funcionado sem manutenção adequada e com ausência de equipamentos básicos. Além disso, também geraram queixas a falta de pagamento das gratificações de regionalização aos médicos e a falta de segurança na base.
Há cerca de três meses, a sobrinha de uma recepcionista moradora de Agrestina chegou ao hospital da cidade em função da chikungunya. Na unidade, descobriu uma diabetes descompensada e entrou em coma. A menina de 22 anos precisava ser transferida para o Recife, mas o automóvel do Samu estava quebrado. Diante da urgência, a paciente veio entubada em uma ambulância pequena. “Ela não conseguia vir deitada e precisou vir sentada. Já minha irmã veio agachada o caminho inteiro. Ela passou 15 dias com dores na coluna e precisou até ir ao médico tomar injeção”, contou a mulher, que preferiu não se identificar.
A secretária de Saúde de Caruaru, Aparecida Souza, explicou que até 2013 o município geria o serviço em 32 cidades. A partir daquele ano, foram incorporados mais 21 territórios, da 5º regional, mas o Ministério da Saúde não tem repassado os recursos referentes a esse acréscimo. Além disso, houve atraso também no repasse estadual. “Não temos como custear o Samu da mesma forma que vinha sendo feito antes. Começamos a ter problema no atraso das gratificações e no pagamento dos fornecedores”, disse.
Depois da reunião, foi encaminhado documento relatando o caso ao Ministério da Saúde. Com um repasse de R$ 1 milhão do estado, no início do mês, foi iniciada a troca do sistema de rádio da central de regulação. Também foi contratada empresa para fazer o conserto e manutenção dos veículos.
Caso Higiene
Em nota, o TJPE afirmou que o juiz plantonista Sebastião de Siqueira Souza deferiu parcialmente o pleito da empresa Higiene, mantendo o funcionamento dela por se tratar de serviço essencial à sociedade. O magistrado, enretanto, manteve as exigências formuladas pela Vigilância Sanitária Municipal, apenas estendendo o prazo para 90 dias para o cumprimento. Dentre os requisitos, há necessidade de revisão de 32 ambulâncias e transferência de propriedade de algumas delas junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Ontem, o processo foi redistribuído para o 3º Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca do Recife. (DP).