Barqueata alerta sobre os problemas do Velho Chico

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barqueata-SF-Foto-ReginaLima-AcervoCBHSF

No terceiro ano da Campanha Nacional em Defesa do Velho Chico, o Comitê da Bacia Hidrográfica da Bacia do Rio São Francisco realizou, por meio de uma barqueata, uma verdadeira aula de educação ambiental nas águas são franciscanas. A ação aconteceu nesta sexta-feira (03), no trecho do rio que separa as cidades de Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco. Dez barcos enfeitados com os símbolos da campanha ‘Eu viro Carranca para defender o Velho Chico’ navegaram como uma frota de proteção ao rio, chamando a atenção da sociedade para os graves problemas da região. Dentro das embarcações, estudantes, professores, pesquisadores e ambientalistas puderam conferir de perto os dramas vivenciados pelo rio, que abastece mais de 15 milhões de pessoas em seu curso por sete unidades da federação.

“Essa é uma região estratégica para se perceber o impacto da ‘seca de gestão’ na bacia do São Francisco, que tem sofrido com a diminuição da sua vazão, a destruição de sua vegetação, a ocupação de suas áreas de mata nativa e, principalmente, o despejo de esgoto em suas águas, como fazem cidades como Juazeiro e Petrolina”, denunciou Almacks Luiz, membro do CBHSF e presidente do Comitê da Bacia do Rio Salitre.
Durante a viagem pelo rio, os barcos fizeram uma parada na Ilha do Fogo para uma ação de peixamento e devolução simbólica de água limpa ao rio.

“Essa é uma atividade continua da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), trazendo alevinos para o rio, na esperança de trazer vida ao Velho Chico”, explicou o engenheiro de Pesca da entidade, Francisco José Souza, que elogiou o caráter educativo da ação do Comitê neste ano. “Essa conscientização deve atingir diretamente os jovens, pois eles podem gerar mudanças significativas na sociedade”, disse.

O engenheiro explicou que foram colocados na água cerca de 40 mil alevinos de espécies nativas como Curimatã, Piau e Pacamã, este último só encontrado no São Francisco. “Mas é preciso a conscientização da sociedade para aguardar o desenvolvimento dos peixes para que eles se reproduzam e garantam descendentes”.

Conscientização que pescadores, como Domingos Márcio Matos, membro do CBHSF, faz questão de divulgar com seus colegas de profissão. “Precisamos saber conviver com o rio São Francisco, não abusando da sua boa vontade conosco e não retirando acima das suas condições. O que vemos hoje é o resultado da falta de amor e cuidado com esse patrimônio do povo brasileiro.

A Campanha Continua

Além da barqueata e das ações nas redes sociais (e no site www.virecarranca.com.br), integra a campanha a realização do I Simpósio da Bacia do Rio São Francisco, entre os dias 05 e 09 de junho, na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), reunindo pesquisadores de todo o país, além de nomes internacionais, que se dedicam aos estudos sobre o rio da integração nacional.

O I SBHSF terá como objetivo a construção da integração nacional do conhecimento científico em torno do rio e sua bacia. Realizado pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia do São Francisco, juntamente com o CBHSF, o evento ocupará as dependências da Univasf, campi Juazeiro e Petrolina. A programação congregará cinco eixos temáticos: governança, qualidade da água, quantidade da água, recuperação ambiental e dimensão social na expectativa de estabelecer o estado atual do conhecimento sobre o rio. As inscrições podem ser realizadas no endereço: sbhsf.com.br

 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.