A presidente Dilma Rousseff (PT) saudou aliados e alfinetou adversários durante o discurso que proferiu no Sertão de Pernambuco nesta sexta-feira. A presidente, que vistou a segunda estação de bombeamento do eixo norte da Transposição do Rio São Francisco, parafraseou uma estudante de medicina para criticar as camadas mais conservadoras da sociedade.
“A Casa Grande surta quando a senzala vira médica”, disse Dilma, que defendeu os programas sociais do governo, falou do ex-presidente Lula e ironizou as contas no exterior do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Eu não tenho conta no exterior, eu não sou conhecida por receber dinheiro de corrupção, não recebo propina”, disparou a presidente, arrancando os aplausos dos presentes. Ao lado de Dilma estavam os deputados Luciana Santos (PC do B) e Silvio Costa (PT do B), além do governador da Paraíba e do representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco, Carlos Veras.
Rousseff defendeu as ações dos governos petistas, como projetos educacionais e acesso a renda, sobretudo o Bolsa Família, e destacou que o programa poderá ser diminuído durante um eventual governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB), caso se concretize o processo de impeachment, cujo relatório foi aprovado pelo Senado.
Mais uma vez, Dilma chamou o processo em curso de golpe e afastou a possibilidade de renunciar ao cargo. Mais cedo, a petista já havia declarado que, caso renunciasse, enterraria prova viva de um golpe.
“Tenho clareza que esse golpe tem um motivo e o motivo é que o Brasil, nesses 13 anos, mudou. As pessoas pegaram autoestima e dignidade”, defendeu. “Eles sempre quiseram que eu renunciasse por conte de uma coisa. É como um tapete. Você levanta o tapete, esconde a sujeita e se eu renunciar eu vou para debaixo do tapete. Mas eu vou ficar aqui, brigando. Eu sou a prova da injustiça, eles estão condenando uma pessoa inocente e não há nada mais grave que condenar uma pessoa inocente”, afirmou a presidente. (Diário de Pernambuco)