O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), divulgou os primeiros relatórios sobre as pesquisas financiadas pelo governo federal a respeito da fosfoetanolamina, substância que ficou conhecida como a “cápsula do câncer”.
As conclusões apontam que as cápsulas têm uma concentração de fosfoetanolamina menor do que era esperado e que somente um dos componentes da cápsula — a monoetanolamina — apresentou atividade citotóxica e antiproliferativa, ou seja, capacidade de destruir células tumorais e inibir seu crescimento.
O objetivo desses testes iniciais foi verificar a composição do produto e testar a capacidade da substância de inibir tumores em testes in vitro, ou seja, feitos com células dentro do laboratório.
A fosfoetanolamina passou a ser sintetizada e distribuída pelo Instituto de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) para pacientes com câncer sem que a substância tivesse passado pelos testes clínicos necessários para determinar a segurança e eficácia do tratamento.
O pesquisador aposentado Gilberto Orivaldo Chierice, que desenvolveu um método de síntese da fosfoetanolamina quando era professor do IQSC-USP, tinha obtido apenas resultados preliminares em modelos experimentais sobre a possível eficácia da substância contra o câncer.
Composição da cápsula
O relatório aponta que, apesar de a informação contida no rótulo ser “fosfoetanolamina sintética, 500 mg”, as cápsulas pesavam entre 233 mg e 368 mg. A porcentagem de fosfoetanolamina presente nas cápsulas era de apenas 32,2%.
O produto também contém 18,2% de monoetanolamina protonada, 3,9% de fosfobisetanolamina, 34,9% de fosfatos de cálcio, magnésio, ferro, manganês, alumínio, zinco e bário e 7,2% de água.
Potencial contra o câncer
Testes feitos com os componentes da cápsula em células humanas de câncer de pâncreas e melanoma apontaram que a fosfoetanolamina não apresentou nenhuma atividade citotóxica nem antiproliferativa, mesma conclusão obtida em relação à fosfobisetanolamina.
Somente a monoetanolamina demonstrou potencial antitumoral, ainda assim “várias ordens de magnitude menos potente” do que medicamentos antitumorais já disponíveis no mercado. (Bem Estar).