O jornalista Marcelo Damasceno Barbosa escreveu uma crônica para de Zé Coelho, carnavalesco fiel, em Petrolina, e ao mesmo tempo, recorda a alegria dos antigos carnavais. Confira:
JOSÉ DE SOUZA COELHO um petrolinense tipicamente impregnado, tatuado de festa. Prefeito três vezes de Petrolina deste longínquo trópico do mundo e tão perto muito antes da globalização fosse pelo comércio que José carregara em nome do pai – o coronel Clementino Coelho – na co-gestão das exportações de couro 60 anos atrás. Ou uma globalização precedendo essa diabólica ou divina Internet abre a fruticultura irrigada.
Do espírito inventivo de JOSÉ COELHO a cosmopolita Petrolina desagarrava-se do provincianismo geográfico e tornava radiante suas festas. Fosse o reisado legítimo da Vila Moco ou a bandeira do Rosário de Fé e penitência da família Solposto o prefeito José Coelho estava aí.
Mas, nada personificou em “tanto RISO e tanta alegria e mais de mil palhaços no salão(e muito mais ainda nas ruas)” que José Coelho e sua originalidade de fazer a cidade carnavalesca. Era o próprio e autorizado carnaval como recomenda e orienta a doutrina de festa popular sem a fatura corruptível de agenciadores da cara e intolerável esperteza de alguns.
Só eram permitidos na festa momesca as pessoas em fantasia qualquer e marchinhas robustecidas pelo clima ingênuo da melhor manifestação dum carnaval com direito a gente na rua e a preguiçosa quarta-feira de cinzas.
JOSÉ Coelho era esse bloco na rua. Assim como a sociedade carioca atualmente faz com blocos livres e de rua. Isso, em protesto e irreverência contra o carnaval excludente e mercantilista da mídia movida a grana altíssima. Assim como a “pipoca” dos trios elétricos de Salvador ou alegorias independentes e dos bonecos de Olinda.
José Coelho (in memoriam) era partidário do barulho bom e soberano desde o sábado de ZÉ PEREIRA. As máscaras dóceis e próprias do carnaval em nome das batucadas e escolas do majestoso SAMBA CENTENÁRIO. José Coelho tinha esse ritmo dos metais e percussão do carnaval de rua.
E num dado momento da história densa e folclórica de Petrolina a percepção popular de JOSÉ COELHO contagiava esses dias da folia petrolinense também nos salões do Petrolina Clube ou 21 de Setembro. Mas era um carnaval integrado e sem corda e sem camarote colunável. O carnaval da origem defendido e tocado por seu folião símbolo – José Coelho – que acordava a cidade. A festa lhe recebia pois sabia que podia contar com muita gente desde seu bloco de rua e com fantasia de Carnaval.
Como os tempos mudam de lugar e de gente não somos anacrônicos. Petrolina sempre saudou toda e quaisquer inovações.
Petrolina, Pernambuco, a cidade, é muito vaidosa dessa sua onda pelo novo. E muito mais ciumenta por sua história e “as coisas velhas que também são boas” lembra o poeta Belchior. José Coelho nasceu sob esse signo da contagiante coalizão de Carnaval. Os “ensaios” com sua orquestra móvel de carnavais, exibiu o gosto da terra matuta e marcada pela caatinga das rodas de São Gonçalo e forró a um passeio com o rei Momo. (Foto Reprodução).
Por Marcelo Damasceno.