As eleições municipais de 2016 serão caracterizadas por uma série de restrições às campanhas dos candidatos a vereador e prefeito em todo o País. Além da proibição do financiamento empresarial de campanha, que é alvo de controvérsias, os candidatos vão se deparar com um teto de gastos, resultante da reforma eleitoral realizada no ano passado.
Pela nova lei, os candidatos que desejam disputar a eleição majoritária em municípios que não tiveram 2º turno em 2012, como foi o caso de cidades como Recife, Olinda, Petrolina e Caruaru, terão que gastar no primeiro turno até 70% do valor declarado pela campanha mais cara ao Executivo municipal em 2012.
Em cidades que tiveram 2º turno, o valor da campanha é, no máximo, 50% do custo da campanha mais cara em 2012. Nos casos de segundo turno, será possível gastar até 30% do montante utilizado pelo candidato a prefeito no primeiro turno. Já nas campanhas de vereador, o teto é de 70% da campanha mais custosa em 2012.
Na visão do especialista em marketing político, José Nivaldo, o estabelecimento de um limite de gastos pode não ter um impacto substancial na campanha deste ano. Para o publicitário, já se esperava uma arrecadação menor, por conta da crise econômica e da proibição do financiamento empresarial, de modo que seriam poucos os candidatos que terão condições de atingir o teto das campanhas.
Apesar disso, ele acredita que as restrições orçamentárias das campanhas, de um modo geral, obrigarão os políticos a repensar suas estratégias. “Faço campanha desde 1978 e raramente fiz duas campanhas com as mesmas regras eleitorais. Em princípio, como cidadão, sou contra qualquer tipo de limitação, mas não importa.
A dificuldade em arrecadar dinheiro ocorreria independente da legislação acerca do teto. Este ano, por conta da crise econômica, será difícil arrecadar. A vedação das campanhas empresariais também limita, pois fecha a principal fonte de arrecadação. As campanhas serão, necessariamente, muito diferentes.
O tipo de marketing político que prevaleceu, com a forma se sobrepondo ao conteúdo, está arquivado. A internet passará a ser um veículo cada vez mais importante. As propagandas de rádio e televisão vão perder em forma e ganhar em conteúdo”, comentou.
Ainda de acordo com José Nivaldo, a restrição poderá atingir candidatos menos conhecidos da população, embora pense que o orçamento da campanha é apenas um dos fatores envolvidos na comunicação dos candidatos para com a população.
“Não existe uma resposta absoluta em relação aos gastos de campanha. Depende da estratégia de cada candidato. Quem, já é conhecido não precisa gastar tanto dinheiro quando quem não é. A partir daí existem muitas maneiras de se conduzir uma eleição. Dinheiro é importante, mas nem sempre é determinante para a vitória eleitoral. Ele só é determinante quando os adversários erram politicamente. Na campanha, a política prevalece sobre o dinheiro”, finalizou. (Folha PE).