Agricultores, representantes de órgãos públicos, prefeitos, deputados e sociedade civil em geral, participaram, na no Auditório da Codevasf, em Juazeiro, de uma mesa de discussão promovida pelo Consórcio Sustentável do Território do São Francisco (Constesf). O evento proporcionou aos presentes uma discussão sobre o problema que vem sendo enfrentado por produtores rurais da Borda do Lago de Sobradinho.
Com o tema “Crise Hídrica: Soluções para os produtores da Borda do Lago de Sobradinho”, a principal pauta discutida foi a proibição de cultivar, com o uso de agroquímico, na área de vazante do Lago, ou seja, a área que fica exposta com a baixa vazão, ação que vem sendo praticada por agricultores devido a escassez de água. Diante das notificações, as famílias, que dependem da agricultura, clamaram por alternativas para que não deixem de plantar e, consequentemente, percam a sua fonte de renda.
O presidente do Constesf e Prefeito de Sobradinho, Luiz Vicente Berti, abriu o debate salientando que os agricultores estão reivindicando uma condição de sobrevivência, o que permeia uma questão ambiental que não pode ser desmerecida. “A nossa grande proposição é que, em conjunto com autoridades políticas e os órgãos aqui presentes e dividindo responsabilidades, a gente possa permitir que todo o povo da Borda do Lago possa ter uma produção sustentável, ideal, uma produção em que os trabalhadores possam proteger o meio ambiente e o mesmo tempo proteger os seus filhos e filhar que dependem do trabalho deles para sobreviverem”, frisou.
O objetivo do Constesf foi reunir os agricultores com demais autoridades políticas e órgãos competentes, como CHESF, EMBRAPA, CODEVASF, ADAB e INEMA, a fim de expor o problema e buscar uma solução que garanta a sobrevivência do agricultor, mas que não comprometa o meio ambiente.
Em sua fala, a representante dos agricultores ressaltou a necessidade de uma solução para os agricultores de maneira emergencial. “Estamos com um problema social e econômico. Os agricultores estão com medo de ficar sem trabalho. O que temos que fazer é achar uma solução rápida, precisamos muito de canais de aproximação, mas enquanto isso, precisamos sobreviver. Nós, trabalhadores do campo estamos sem saber o que fazer”, declarou.
O coordenador da Unidade Regional do INEMA em Juazeiro, Anselmo Vital, ressaltou o papel do INEMA em alertar os agricultores que estão infringindo a leis ambientais. “O INEMA notificou e alertou sobre uma crise hídrica que estamos vivendo. Têm pessoas se apropriando da área de preservação do Lago, jogando veneno no Rio. Entre a fome e o meio ambiente, nós temos que andar no caminho do meio. Vamos procurar alternativas e soluções, através do diálogo para que nem as famílias nem o Rio sejam prejudicados”, destacou.
Propostas levantadas
Um das propostas que surgiu como resultado do debate promovido pelo Constesf foi a elaboração de um documento, através do INEMA e das associações de agricultores da Borda do Lago de Sobradinho, para orientar os agricultores sobre o que pode e não pode fazer no cultivo em áreas de vazante do Lago.
Outra proposta levantada foi a realização de capacitações para orientar os agricultores a plantarem de forma correta, utilizando materiais adequados. A partir de solicitações realizadas pelos agricultores e políticos, a Codevasf se comprometeu em formar uma equipe para analisar a possibilidade de construção de canais de aproximação, que irá viabilizar o plantio em áreas permitidas.