Pernambuco investirá R$ 25 milhões em ações contra Aedes aegypti

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O Governo de Pernambuco lançou, nesta segunda-feira (30), em reunião de trabalho entre o governador Paulo Câmara e mais de 150 prefeitos do Estado, no município de Gravatá, o Plano Estadual de Enfrentamento às Doenças Transmitidas pelo Aedes Aegypti. Ao todo, serão investidos R$ 25 milhões nas ações, sendo R$ 5 milhões para o combate ao mosquito e compra de equipamentos (material de campo, bombas costais, EPI), R$ 5 milhões para campanha de mídia e R$ 15 milhões para estruturação de centros regionais de atenção às crianças com microcefalia. O ato também contou as presenças do ministro da Saúde, Marcelo Castro; do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi; e do secretário nacional de Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior.

“Essa não é uma questão de Pernambuco, é uma questão do País. As ações do Governo vão continuar e vamos precisar de uma grande mobilização social para solucionar essa questão. O momento é de união nacional”, conclamou o governador Paulo Câmara. “Vamos trabalhar muito, com bastante determinação. Quero pedir a todos que nos ajudem a combater o mosquito, para que isso seja uma página virada no nosso Estado. Para que nunca mais tenhamos um surto como esse”, completou.

Em 2015, foram detectados, em Pernambuco, os quatro sorotipos da dengue circulando ao mesmo tempo, fato até então inédito. Outros dois agentes infecciosos, o da chikungunya e o da zika, também foram confirmados no Estado. Todos os vírus são transmitidos pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti, que, neste panorama de seca e alterações climáticas, precisa ser efetivamente combatido pelo poder público e por toda a sociedade. Além disso, o Ministério da Saúde confirmou a relação do vírus da zika com o aumento de casos de microcefalia no Brasil.

O governador ressaltou que enviará ofício ao Governo Federal para que a liberação dos benefícios das mães de crianças diagnosticadas com microcefalia seja acelerado. “É importante que essas mães recebam esse aporte da União em um momento tão delicado como esse. O apoio a elas tem que ser encarado como um prioridade por todos que têm responsabilidade com a gestão pública”, apontou Paulo.

Para o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa, é importante que a população entenda que dois novos vírus foram introduzidos no País e em Pernambuco, o da chikungunya e da zika, e que ainda há pouca informação sobre esses vírus na literatura mundial, sobre o que eles podem causar. “Isso torna, de alguma forma, essa situação inusitada e grave. Neste ano, tivemos um aumento nos casos de dengue de mais de 500%, comparando com o ano passado, e estamos enfrentando esse aumento no número de casos de microcefalia. Todo esse panorama exige uma atuação focada de todos os entes públicos, como saúde, saneamento básico, educação, e da população, já que sabemos que cerca de 90% dos focos do mosquito Aedes aegypti são encontradas nas casas e nos seus quintais”, afirma o secretário estadual de Saúde, Iran Costa.

No último domingo (29/11) também foi decretado estado de emergência contra o mosquito. A medida busca agilizar e desburocratizar processos, como o de compra de insumos para lidar com a situação. O secretário ainda lembra das investigações que relacionam Guillain-Barré com o zika vírus.

MICROCEFALIA – Até o momento, Pernambuco notificou 646 casos de microcefalia. Desses, 211 atendem aos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além dos estudos e pesquisas para entender esse quadro, a SES está estruturando a rede para o atendimento das mães e das crianças no Estado. Os centros regionais de atendimento às crianças com microcefalia estão distribuídos nas macrorregionais de Caruaru (UPAEs de Caruaru, Belo Jardim e Garanhuns e os hospitais Mestre Vitalino e Jesus Nazareno), Serra Talhada (UPAEs de Serra Talhada, Arcoverde e Afogados da Ingazeira e no Hospital Prof. Agamenon Magalhães), Petrolina (UPAEs de Petrolina e Salgueiro e Hospital Dom Malan) e do Recife (Imip, Cisam, AACD, UPAE de Limoeiro e os hospitais Agamenon Magalhães, Oswaldo Cruz e Barão de Lucena).

AÇÃO CONTRA O MOSQUITO

O Plano de Contingência está focado em quatro eixos: vigilância dos casos e controle do vetor; assistência ao paciente; comunicação social, para ampla divulgação sobre as doenças; e gestão integrada do plano, para monitoramento de todas as ações estaduais e municipais.

ASSISTÊNCIA – A rede de serviços de saúde está sendo organizada para garantir acesso de qualidade aos pacientes com dengue, febre do chikungunya e febre zika em todos os níveis de atenção, de maneira a atender a comunidade, seja em período epidêmico ou não. “É fundamental a estruturação da rede de assistência ao paciente suspeito para que haja o atendimento dos doentes em tempo oportuno e de modo a não sobrecarregar o sistema de saúde existente. Além disso, precisamos evitar os óbitos por complicações da dengue e a organização da rede é essencial para isso”, ressalta o secretário

Sentindo algum dos sintomas das doenças, a indicação da SES é procurar imediatamente o posto de saúde ou policlínica mais próximo de casa. Recomenda-se repouso, tomar muito líquido e não ingerir medicamentos com ácido acetilsalicílico (AAS e Aspirina) e anti-inflamatórios não hormonais (como nimesulina). Notando algum dos sinais de alarme, como vômito persistente e dor abdominal intensa, a indicação é ir até uma UPA ou hospital regional.

Os casos que apresentam sinais de choque serão referenciados pelos serviços de saúde para os hospitais Agamenon Magalhães, Miguel Arraes, Dom Helder, Otávio de Freitas, Barão de Lucena, Getúlio Vargas, Mestre Vitalino, das Clínicas, Oswaldo Cruz e Dom Malan; e os Regionais de Palmares, Garanhuns, Ouricuri e Arcoverde.

Os hospitais que atendem a rede SUS e os da rede privada receberão novas capacitações em 2016 para atender os casos suspeitos das arboviroses, alcançando no mínimo 80% de profissionais. Só da rede de alta complexidade serão capacitados 530 e nos postos de saúde, regionais e UPAs, 3 mil profissionais. Na Estratégia de Saúde da Família, a meta é capacitar 80% das mais de 1,8 mil equipes.

VIGILÂNCIA – Entre as atividades executadas pelos municípios para o controle do mosquito Aedes aegypti está a eliminação dos criadouros e a aplicação de inseticida (larvicida) químico para a eliminação das larvas do inseto. O larvicida é utilizado nos depósitos positivos (com a presença de larvas) ou vulneráveis (que permitem a oviposição pela fêmea do mosquito) que não são passíveis de serem eliminados mecanicamente (destruição, vedação ou destinação adequada).

Em caso de surto epidêmico, poderá ser feito o bloqueio de transmissão com a aplicação de inseticida por meio da nebulização espacial a frio (tratamento a UBV), utilizando equipamentos portáteis ou pesados em, pelo menos, uma aplicação, iniciando no quarteirão de ocorrência do caso e continuando nos quarteirões adjacentes num raio de 150m. Essa ação é realizada pelo Estado. Só em 2015 foram realizadas essas intervenções nos municípios de Olinda, Recife, Chá de Alegria, Paulista, Camaragibe, Jaboatão, Feira Nova, João Alfredo, Passira, Surubim, Limoeiro, Santa Cruz do Capibaribe, Vertentes, Jataúba, Taquaritinga do Norte, Brejo da Madre de Deus, Toritama, São Caetano, Pesqueira, Iati, Itaíba, Águas Belas, Teresinha, Inajá, Manarí, Pedra, Venturosa, Arcoverde, Custódia, Sertânia, Buique e Tacaratu, Tabira, Iguaraci, e São José do Egito.

Para ajudar os municípios, ainda serão adquiridas 40 mil capas de vedação de depósitos como caixa d’água, baldes e tonéis.

MOBILIZAÇÃO SOCIAL – Para chamar a atenção do público, serão produzidos cartazes e fluxogramas, folhetos, camisas e bonés, além de spot de rádio, outbus, outdoor e ampla divulgação das informações entre os meios de comunicação. Também continua em funcionamento os 12 Comitês Regionais de Mobilização para Enfrentamento da Dengue, da Febre Chikungunya e da Zika, além do comitê central, com reuniões periódicas para avaliar a situação das doenças e os planos de atuação.

LACEN – O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) já está organizado para realizar os testes para confirmação de dengue e, desde 2014, de chikungunya. No caso da chikungunya, são dois os testes que podem ser realizados no laboratório, localizado no Recife. Um deles (PCR) consegue confirmar os casos já no início da enfermidade (até o oitavo dia). Além desse, há o exame sorológico para quando o paciente está a partir do 15º dia de sintomas da doença.

No caso da dengue, todas as 12 Regionais de Saúde fazem a sorologia para confirmação da doença. Os exames para confirmação de zika serão realizados pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará.