Sobradinho vai deixar de gerar energia pela primeira vez

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Pela primeira vez desde que foi inaugurada, em 1979, a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, vai deixar de gerar energia. A parada deve acontecer até o início de dezembro. O reservatório da usina – que tem a capacidade de geração de 1.050 megawatts (MW) – está com o volume útil de apenas 1,65%, o que inviabiliza a geração. Hoje, a hidrelétrica gera apenas 180 MW. Quando trabalha com força total, Sobradinho representa 10% da capacidade instalada de 10 mil MW da Companhia Energética do São Francisco (Chesf). As usinas (Paulo Afonso 1, 2, 3 e 4, Moxotó, Xingó e Itaparica), localizadas na mesma bacia hidrográfica, continuam em operação. A Chesf descarta o risco de racionamento de energia na Região Nordeste.

A capacidade do lago de Sobradinho – um dos maiores reservatórios do país – está mais crítica do que a registrada em 2001, ano do racionamento. O quadro é dramático porque, além da geração de energia, a usina regula a vazão do Rio São Francisco e despacha água para o consumo da população ribeirinha e para os produtores agrícolas. A quantidade de água que chega ao reservatório é de 600 metros cúbicos por segundo, enquanto estão sendo usados 900 metros cúbicos para gerar energia. “Não é uma questão de decisão da Chesf, mas uma consequência da falta de água para gerar energia. Na hora que o volume útil atingir zero, temos que parar de gerar”, diz José Ailton de Lima, diretor de Operações da Chesf.

O volume total do reservatório de Sobradinho é de 34 bilhões de metros cúbicos, sendo 28 bilhões metros cúbicos utilizados para a geração de energia. “Hoje estamos gastando mais água do que está entrando nos reservatórios. Se a vazão não for dosada, podemos levar o reservatório ao esgotamento”, completa Lima. Ele descarta o risco de racionamento de energia no Nordeste. Segundo ele, a energia subtraída de Sobradinho será suprida por outras fontes das usinas térmicas e eólicas que já estão em operação e interligadas como Norte e o Sudeste. A companhia pediu autorização ao Ibama para reduzir de 900 para 800 metros cúbicos por segundo a vazão da barragem para garantir a segurança hídrica da população ribeirinha.

Leilão

Como veiculamos no blog, foram leiloadas nesta quarta-feira pela Aneel 29 usinas hidrelétricas em operação no país, cujos contratos de concessão já venceram ou estão próximos de vencer. Mesmo com a baixa disputa, o governo conseguiu arrecadar R$ 17 bilhões, que vão ajudar no ajuste fiscal. As empresas vencedoras terão que pagar 65% do valor da outorga (R$ 11 bilhões) na assinatura do contrato, em 30 de dezembro. O restante (35%) será pago em até 180 dias. As usinas mais cobiçadas do leilão, Jupiá e Ilha Solteira, localizadas no Rio Paraná, foram arrematadas pelo valor de R$ 13,8 bilhões pela China Three Gorges (CTG), dona da maior hidrelétrica do mundo, a de Três Gargantas, na China.