O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) defendeu, nesta quinta-feira (6), que o Brasil “adote um nível de ousadia” pelo menos tão significativo como a posição anunciada pelos Estados Unidos (EUA) para a 21ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-21. Na avaliação do senador, o governo brasileiro não pode abdicar da liderança global que possui no segmento ambiental e deve apresentar, durante a Conferência, em Paris (França), propostas robustas de proteção ao meio ambiente.
Esta semana, o governo norte-americano divulgou um plano destinado a regular os níveis de emissão nas usinas produtoras de energia dos EUA. Com metas bem definidas, o plano estabelece que o setor energético deverá cortar suas emissões em 32% até o ano de 2030, em relação a 2005. “Os compromissos até agora sinalizados pelo Brasil não evidenciam muito esforço por parte do governo, que pretende restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares e erradicar o desmatamento ilegal até 2030”, afirmou o senador, durante pronunciamento na Tribuna do Senado.
“Para que este seja um grande desafio, não basta apenas zerarmos o desmatamento ilegal”, completou Fernando Bezerra, ao defender que o Brasil amplie a geração e o consumo da chamada “energia limpa”. “É preciso que o país esteja disposto a aproveitar seu enorme potencial energético no âmbito da energia de biomassa, eólica e solar”, defendeu o senador, que presidente a Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC) do Congresso Nacional.
A COP-21 será realizada entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro deste ano. O “Protocolo de Paris” – documento que se deseja aprovar, na ocasião – deverá substituir o Protocolo de Kyoto, de fevereiro de 2005. Mas, ao contrário do acordo firmado em Kyoto, que especificava metas para um conjunto de menos de 40 países, o de Paris terá características de um pacto global e envolverá as mais de 190 nações que fazem parte da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas.
A proposta brasileira que será apresentada na COP-21 está em fase de construção e deve ser finalizada até o final do próximo mês de setembro. Ela vem sendo elaborada de forma participativa, sob a condução do Itamaraty e coordenação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que será convidada para uma audiência pública na CMMC.
“A Comissão Mista de Mudanças Climáticas terá um papel relevante na negociação que se aproxima e poderá contribuir para a consolidação de uma posição de liderança brasileira no setor climático e ambiental”, ressaltou Fernando Bezerra Coelho.