O que os agricultores reassentados de Itaparica mais temiam, aconteceu ontem. A Celpe cortou a energia das estações de bombeamento que abastece o Projeto Fulgêncio, em Santa Maria da Boa Vista, Projeto Brígida, em Orocó, Projeto Pedra Branca e em Curaçá. Isso por falta de pagamento por parte do governo federal.
Uma comissão formada por representantes das comunidades estiveram em Brasília, no fim do mês de março, junto com a presidente Dilma e demais representantes do governo federal para negociar o impasse sobre o pagamento da energia elétrica desses projetos, que até então são de responsabilidade de Chesf, que por sua vez, transferiu para a Codevasf.
Os representantes locais entraram em acordo com o governo, que garantiu que até o final do ano os agricultores não teriam mais problemas com energia elétrica. No entanto, nesta quarta-feira, dia (15), os reassentados foram surpreendidos com o corte.
Segundo o diretor de Políticas Agrícolas do STR de Santa Maria da Boa Vista, José Expedito, o corte aconteceu porque o governo federal firmou acordo, mas não assinou nenhum contrato com a Celpe para garantir o mesmo, “O governo fez uma proposta de negociação, mas nenhum contrato foi assinado, não tem documento nenhum do acordo firmado, por isso que a Celpe tomou essas medidas, inclusive a gente já está entrando em contato com o governo pra saber por que fizeram acordo sem assinar nada, como é que se faz acordo sem documento nenhum assinado?”, questionou.
A diretora de Políticas Agrárias da Fetape, Maria Gilvaneide, pediu união para solucionar o problema e ameaçou realizar mais uma manifestação caso o mesmo não seja resolvido, “Entrei em contato com a Contag e falei com Aristides (pessoa que intermediou a primeira reunião), ou seja, cada um está fazendo a sua parte, ele está por lá vendo de que forma pode resolver, porque não estamos falando de um problema pequeno, a conta de energia dos reassentados de Itaparica, que inclui o Projeto Fulgêncio é em torno de 10 milhões de reais. Eu mesma entrei em contato com a Codevasf e nos foi informado o valor do débito.
Foi criada uma comissão, a comissão negociou e uma das coisas que foram acordadas era manter a energia sem o corte e o governo não cumpriu o acordo feito. Nós vamos cobrar, e, se não resolver, vamos fazer uma ocupação e só vamos sair quando a energia estiver paga”, disse.
Com o corte, toda a produção realizada nesses projetos está comprometida, as produções representam uma grande força econômica e produtiva nessas cidades.
Até o fechamento desta matéria, a energia não foi restabelecida nas estações de bombeamento e a população vive momento de tensão, já que a água para o consumo também pode faltar nos próximos dias caso o problema não seja solucionado. (Boa Vista).