O Sindicato Nacional dos Produtores de Coco do Brasil protocolou uma denúncia junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e à Receita Federal que pode levar a suspensão das importações de coco incluindo o ralado por parte dos processadores nacionais. A queixa, que envolve a importação fraudulenta do produto, está sendo alvo de análise pelo Decex – Departamento de Comércio Exterior.
Segundo o presidente do Sindcoco, Francisco Porto, a cota máxima permitida pela salvaguarda brasileira é de 4.150 toneladas. “Foram adquiridas irregularmente outras 4,3 mil toneladas. O total de coco ralado estrangeiro no mercado interno chega a mais de 8 mil toneladas. Nos últimos seis meses gerou para o produtor prejuízos de até R$ 300 milhões”, afirmou.
O esquema denunciado pelo Sindcoco faria uso de uma brecha legal em que a nomenclatura utilizada figura como “outros cocos”, não especificando o produto como coco ralado. Com isso, os importadores burlavam os limites estabelecidos pela salvaguarda. Porto observou que os nomes das empresas envolvidas na fraude são mantidos em sigilo, mas adianta que entre 30 e 40 processadores do fruto em todo o país podem estar envolvidos. Ele acrescentou que a maior parte do produto entrava através dos portos de Santos (SP), Vitória (ES) e Fortaleza (CE). Até o momento já teriam sido apreendidos cerca de 625 toneladas de coco ralado importadas irregularmente nestes terminais.
“Chama atenção o crescimento de ambas as importações: no caso do coco ralado, ela se elevou em quase 500% (quinhentos por cento); quanto à suposta água de coco, em mais de 300%. As importações de água de coco se iniciaram em 2012”, acrescenta.
Considerado o maior produtor de coco do mundo, Brasil exporta 70% do consumo aparentemente nacional e esse crescimento nos últimos 7 anos foi de 500% e o Brasil começou a vender água de coco para países da Europa e EUA.
O sindicato elaborou uma carta a presidente Dilma pedindo providencias e uma resposta do Governo da Indústria e comércio para que as exportadoras tenham as mesmas exigências das indústrias brasileiras credenciadas com a supervisão do sindicado , já que foi comprovado que mais 95% do material contido no coco está vindo com consistência oleosa e com fungos que desenvolvem células cancerígenas.
De 300 mil hectares de cultura de coco no país se criou um produto importado de péssima qualidade e o salário pago ao pequeno agricultor é muito baixo para quem trabalha correndo riscos de se conter uma doença. A carta do Sindcoco ainda estabelece condições legais para que a indústria de processamento dos países exportadores atenda às mesmas normas de saúde, higiene, segurança do trabalhador e do meio ambiente em vigor no território brasileiro.
Prejuízos e providências
No Brasil, 240 mil produtores, o que corresponde a cinco pessoas por propriedade, já perderam o emprego. Em resposta a carta encaminhada pelo sindicado ao ministério da indústria e comércio, o Governo diz que as medidas sobre a baixa qualidade do coco já foram tomadas e que no prazo de 15 dias, o ministério chegará a um acordo para reolver o problema.
A crise no Vale do São Francisco
Como a água de coco entra no país sem nenhum critério, os produtores ficam sem trabalho pela baixa qualidade do produto. A crise no vale do São Francisco que se estende de Petrolina à Petrolândia com aproximadamente 5 mil hectares de coco, já somam 2 mil pessoas que estão desempregadas de forma direta e 2.500 indiretamente.
Segundo o delegado nacional de dos produtores de coco Francisco nunes, a concentração maior de percas está localizada no projeto Senador Nilo Coelho, onde 100 mil frutos foram perdidos. “Com o prejuízo da importação de água de coco as indústrias não compraram coco e a fruta secou Vai sobrar para o agricultor apenas 9 centavos das vendas atuais”, afirmou.